
Dum-Dum é Washington Roberto Santana. Tem 38 anos e 1,80 metro de altura num corpo musculoso e esguio. “Todo mundo acha que o meu apelido é por causa da bala, mas não tem nada a ver”, explica. “Foi a minha avó que colocou, por causa de um negrinho personagem de um gibi.” Filho de doméstica com pai que praticamente não conheceu, foi criado no bairro do Cambuci. Morou em cortiços, estudou até a quinta série e cedo pegou no pesado. Com 11 anos já tinha feito carreto, entregado jornal e trabalhado numa fábrica caseira de martelos, colocando os cabos. Passou a trabalhar em feira livre, limpando peixe. Pegou gosto e foi peixeiro, até os 17, sempre em feiras. Depois, se tornou ajudante numa empresa que produzia fotolitos, e faliu. “A única opção que vi foi vender drogas, entrar para o tráfico”, conta. Dum-Dum virou traficante. Fumou e cheirou toda maconha e cocaína que pôde. “Crack, nunca”, diz. Foi preso em 1996, passou três meses na cadeia pública de Pinheiros, período em que nasceu sua filha, sobrinha de Eduardo Taddeo. “Saí da cana com outra cabeça, voltado só para fazer o certo”, afirma. A Justiça o absolveu, por falta de provas. Parou de usar cocaína. Ele caiu no rap de vez ao ver um show dos Racionais MC’s. “É isso que eu quero pra mim”, decidiu, na frente do palco. A primeira formação do Facção Central nasceu com ele, mas sem o cunhado, que entrou depois. “Se não fosse o rap eu não estaria vivo”, diz Dum-Dum. “É a minha vida e o meu sustento.” Ao contrário de Taddeo, sua cultura musical extrapola o mundo do rap. Ele gosta de Billie Holiday, Nina Simone e Aretha Franklin. Dum-Dum tem uma Nossa Senhora Aparecida e uma escrava Anastácia tatuadas no braço direito, a palavra Facção no esquerdo, e o focinho de um pit bull na perna direita.
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